segunda-feira, 17 de junho de 2013

"A Velha do Cabelo Roxo"



Sempre fui muito medrosa, mas outro dia, quase morri de tanto medo!

Eu estava saindo da casa da Aninha sozinha. A rua que ela mora, tem uma casa mal assombrada. Todos os dias passamos por lá para irmos a escola, e sempre vemos a velha do cabelo roxo. Ai que medo! Nesse dia, saí da casa de minha amiga mais tarde contando que minha mãe fosse me buscar, mas não foi.

Passar em frente aquele lugar era assustador... Fui caminhando e olhando com os olhos fixos na janela da casa, e vi direitinho, a sombra da velha! Meus olhos ficaram paralisados, os galhos da árvore que tem em frente ao portão, balançavam, como se estivessem querendo se abaixar para me pegar no colo. Meu coração batia tão rápido, que eu ouvia o barulho das batidas, tum,tum,tum... Minhas pernas congelaram, comecei a suar frio, minhas mãos ficaram molhadas de suor, eu conseguia ouvir a velha do cabelo roxo, rindo de mim... Ela sentia o meu cheiro, tenho certeza!

De repente ouvi um berro, e uma mão segurou meu ombro, quando olhei para o lado era o Sr. Manoel, da padaria da esquina, querendo saber o que eu fazia parada em frente aquela casa.

Falei para ele que eu não queria nada, apenas estava imaginando porque aquela senhora morava ali e não cuidava do lugar.

Ele me contou, que antigamente a casa era linda, cheia de flores no jardim, pintada de rosa e branco, as crianças da vizinhança, corriam felizes pela grama verdinha, e brincavam de balanço na árvore que a pouco me assustara. Mas, as crianças cresceram, foram morar em outro lugar, o marido da velha que eu tanto temia faleceu e ela ficara sozinha. Seu filho era muito ocupado no país onde morava e não podia vir aqui ajudá-la, e ela por sua vez, não queria arredar o pé de sua casa.

Sr. Manoel disse, que ela era uma mulher bonita, inteligente, mas que era muito exigente e brigona, por isso as pessoas se afastaram dela.

Aos poucos as pessoas foram criando histórias, e se afastando e ela desiludida, deixou de cuidar da moradia...

Depois dessa conversa com o Sr. Manoel, o medo que eu estava sentindo começou a mudar. Eu olhava para a casa, tentando imaginá-la, cheia de crianças, iluminada, e com um jardim bem bonito...

Fui para casa pensando, e durante todo o jantar, não conseguia falar nada, só lembrava da conversa que tive com o dono da padaria.

No dia seguinte, fui para escola e no caminho, resolvi parar na casa mal assombrada e olhar bem pertinho do portão... Avistei uma senhora, bem velhinha, com uma vassoura na mão, tentando varrer algumas folhas... Fiquei ali olhando pelo buraco no muro, e o medo foi passando. Percebi que a hora da escola estava chegando e fui embora. Na escola pensei no que eu poderia fazer, para ajudar a velhinha, e resolvi fazer uma coisa bem legal!

Na hora do recreio, chamei a Ana, a Claudinha e a Tereza para contar o que eu queria fazer. Expliquei sobre a conversa que tive no dia anterior com o Sr. Manoel, elas ficaram penalizadas! Aninha que é a mais chorona ensaiou um choro, mas a Claudinha logo mandou ela parar,rs... Sendo assim contei minha ideia.

Disse que gostaria de ajudar a velha do cabelo roxo e se elas queriam me ajudar. Claro que elas aceitaram. Seria uma grande aventura!

Na hora da saída combinamos de irmos até a padaria, para falar com Sr. Manoel, ele iria nos ajudar e muito.

Lá chegando, falei sobre a ajuda que poderíamos dar a senhora. Poderíamos fazer um mutirão e pintarmos a casa, ajeitarmos o telhado, cuidarmos do jardim e podarmos as árvores. Ah e claro, consertamos as instalações elétricas para a casa ficar bem iluminada! Afinal era uma casa antiga mas muito bonita!

Sr.Manoel adorou a ideia, mas achou que a velha não aceitaria. Eu me prontifiquei a ir ter com ela.

Claudinha curiosa também disse que iria,rs...

Nosso amigo da padaria, concordou e disse que então ele iria conosco, sendo assim combinamos o horário e as 17h tocamos a campainha da casa, mais uma vez e nada. Resolvemos bater palmas, e aí a velha apareceu na janela e gritou que não tinha pão dormido. Morremos de rir... Sr.Manoel pediu que ela chegasse até o portão e assim ela o fez.

Abriu o portão e perguntou o que queríamos. Nosso amigo tratou de conversar com ela, sobre minha ideia, e ela ficou muito cismada, afinal, a mais de 10 anos ela vivia sozinha e ninguém nunca se importara. Mas aos poucos, fomos nos colocando de maneira educada e cordeal, até que ela nos convidou para um chá. A chaleira estava apitando e a mesa estava posta.

Confesso que fiquei com um pouco de receio, mas entrei. Durante o chá, contei para ela que sempre tive medo da casa e dela, mas sempre quis conhecer a história daquelas pessoa que eu via através da sombra no vidro da janela.

Foi então que conversando com meu amigo da padaria, fiquei sabendo da verdade sobre ela, e quis ajudá-la.

Dona Olindina riu e com uma lágrima nos olhos fez com a cabeça que sim... mas com uma condição, ela gostaria que as crianças viessem sempre as 17h tomar chá com ela, e brincar um pouco no jardim.

Levantamos felizes e fomos até o portão, onde nos despedimos. Eu já não via mais a velha do cabelo roxo como uma pessoa assustadora. Agora ela era uma senhora, de fino trato e sozinha.

Naqueles dias Sr. Manoel, eu e as meninas, agitamos tudo que precisaríamos para a reforma da casa. Sr. Antônio da loja de ferragens e material de construção ajudou, o rapaz do quiosque das flores também e o pai da Tereza, que é eletricista também quis coloborar!

Durante o final de semana, começamos a reforma, Dona Olindina, estava tão feliz, que toda hora queria que parássemos para comermos um bolinho ou fazermos um lanche,rs...

Depois de alguns dias de trabalho, a casa ficou pronta! Que beleza! Todos que passavam na rua olhavam adimirados.

Dona Olindina, começou a sair de casa, a ficar à tardinha no portão pegando uma fresca, e vendo as crianças brincarem de carniça na rua.

E eu que morria de medo daquela senhora e de sua casa, passei a ser sua amiga e a tomar o chá das 17h todos os dias com ela.

Hoje, sei que existe o medo real e o medo imaginário e aprendi direitinho a diferenciá-los.

A casa está tão bonita que vamos fazer uma grande festa de natal para comemorarmos!

Para felicidade de dona Olindina, seu filho virá de Portugal para passar essa data tão especial com ela e matar as saudades.



Hoje vamos nos reunir para começarmos os preparativos para a grande festa, e é claro que depois virei aqui contar tudinho para vocês.

Por hoje é só!



Bjs

Sandra Amorim

3 comentários:

  1. Esa sua poisia élinda da velha do cabelo roxo

    ResponderExcluir
  2. OI João! Fico feliz com sua visita. Esse conto é muito legal mesmo. Logo, logo teremos outros! Volte sempre!!! Beijinhos de luz!

    ResponderExcluir
  3. essa poesia e linda adorei a velha do cabelo rocho e otimo!!!!!!!!!! bjs adriely

    ResponderExcluir

Olá! Adorei sua visita! Deixe um recadinho para mim, ficarei alegre com sua opinião. Beijinhos de luz!!!!